0/GODO

angel notes.
a questão dos cavaleiros e suas armas.
... e passando dos 1999
tipo: outro


A aeronave subiu ainda mais na troposfera.
O mar de nuvens feitas de cinzas ainda tinha de desaparecer.
Asas de ferro planavam no céu cinzento
Para aniquilar o inimigo comum da raça humana.

Ao final da batalha, todas as aeronaves que participaram da missão, exceto uma; haviam sido destruídas.
Talvez fosse sorte a minha que uma IA (inteligência artificial) obsoleta estivesse pilotando-a.
A IA controlando o avião era a única imune ao poder do inimigo.

Continuei a voar à minha própria sorte.
As pulsações orgânicas ecoando na máquina eram exatamente como pensei: Pertenciam a mim mesmo.

Abri o coldre e retirei minha arma.
O ar fluindo na máquina era frio, queimando meus pulmões.
A temperatura interna já havia chegado abaixo de zero. O casaco usado por mim representava apenas o mínimo de proteção.
Estava num nível em que mal daria para sustentar qualquer vida orgânica.

Essa aeronave, a qual fora projetada apenas para transportar espécies capazes de voar, não estava equipada com nenhuma arma.
Se tivesse de lutar, deveria arriscar minha vida.

Frio absurdo e ventanias torrenciais.
Os corpos de meus companheiros, com fluído espinhal saindo tanto de seus narizes quanto ouvidos, estavam atrás de mim.
Uma velha aeronave a qual poderia cair a qualquer momento.
A situação era desoladora em níveis tão absurdos que me deu vontade de cantar bem alto.

Segurando a Black Barrel, a qual eu havia modificado para tiros à distância, não fiz nada além de esperar pelo inimigo.
Pelo momento em que o inimigo entraria na mira.
Pelo momento em que poderia puxar o gatilho e finalmente relaxar.

Sete dias haviam sido adicionados ao diário do avião.
Somente sete dias haviam se passado.
Meu cérebro dormente sentia que poderia continuar nesse estado por mais um mês, ou talvez mais um ano.
Meu corpo estava sempre à beira do colapso.

Quantos dias e meses se passaram?
Minha mente,
Meu idioma,
A mim mesmo,
Logo quando já havia perdido tudo,
Reconstruí tudo novamente.
Pois na mira da arma estava o inimigo.
Puxei o gatilho sem hesitar.

Minha mente, a qual havia passado dos limites, estava queimada.
Apenas um momento antes de cair inconsciente,
Apenas um suspiro antes de desmaiar,
Apenas um segundo antes que eu me esvaísse, fui capaz de ver a forma de meu inimigo.
Quão,
Belo.

---------------Entre uma fenda nas nuvens, vi um anjo.

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